segunda-feira, novembro 21, 2005

Freaky friday

A manhã começou com um violento arraste até ao local de trabalho, após uma noite brevemente dormida. "6.ª feira... isto hoje deve haver pouco trabalho..." AH! Querias! A saída estava planeada para o meio dia. Após um atropelo de uma manada de tarefas em fúria, lá me consegui descolar hora e meia mais tarde, para um rápido almoço de "menino não entra".

O plano era aproveitar a autorização que tinha sido dada ao meu raro pedido de uma tarde livre para ir a um casamento a uma hora de Lisboa.

Saí disparada do almoço, para ir buscar a fatiota a casa dos protegitores (altura em que faria um arranjo caseiro do cabelo) e ainda conseguir apanhar a boleia que me esperaria na outra ponta da cidade. Lançada em passo de corrida, com um par de sapatos num saco, ao lado das pinturas de disfarce de olheiras, reparei que me faltavam as meias! "Rais'parta! É o que dão estes esquemas de correria-e-quem-se-lembra?!-A-uma-6.ª!-Ai-que-ainda-me-estatelo-toda!" Entrei pela loja do centro comercial adentro. "Collants! Cor neutra! Preciso agora!" Enquanto pagava os ditos, senti um calafrio. A depilação! Precisava de uma depilação instantânea, para não ir para a festa mascarada de macaca de circo.

Correndo desalmadamente e vendo o tempo a acelerar implacável, invadi o cabeleireiro mais próximo. "É uma emergência!" Excepcionalmente, sem marcação, a senhora da gestapo teve a amabilidade de me atender. "Só 10 minutinhos, que estou a despachar uma cliente" ('tadita). Aproveitei e tratei do cabelo. Para desgosto do senhor de bandelete, não o quis cortar. "Só secar? De certeza?". "Sim, sim, é só um jeitinho."

Após a tortura, saída em fuga, para enfiar o vestido e usar as tintas. Enquanto corria pela casa, descalça e com o vestido semi-enfiado pela cabeça, a minha mãe olhava-me estarrecida. Disse-me mais tarde que nunca tinha visto ninguém arranjar-se para um casamento daquela maneira.

Já no elevador, preparada para o sprint final até ao táxi, a minha boleia telefona. "Mas ainda aí 'tás? É que não estás a ver o trânsito! Só até aqui chegares são 40 minutos!". Lá teve a Mipo de pegar na viatura, esbarrando assim com a inevitável viagem de regresso ao volante, às tantas da madrugada.

Finalmente, chegada ao casório, excepcionalmente sem desvios de desorientação. Por fim, o tão ansiado suspiro de descompressão.

No copo de água, lugares marcados. Mipo na mesa dos desemparelhados. Sentei-me entre os outros dois desemparelhados que conhecia. A felicidade de uma festa de 6.ª à noite é nada nos afectar. Depois de tanto trabalho, ou me divirto, ou me divirto. Nem chegou a haver conversa de circunstância com aquela gente da nossa mesa de quem nem sabiamos o nome (saimos de lá sem saber). Ficámos três marretas em galhofa durante todo o jantar, a pedir garrafas de vinho ao senhor que saía da cozinha, à esquerda, e a mandar bocas à mesa de emparalhados conhecidos, à direita.

O regresso, às 3 e tal, foi penoso. O meu pendura, que não se pendurou noutro para que eu tivesse companhia, dormiu todo o caminho. Deixar o pendura no destino. Deixar viatura em casa de progenitores. Ir para casa.

Sábado estive em coma.

1 comentário:

bonifaceo disse...

Ahahah. Não sabia que se faziam casamento às 6ªs. Pá, foi engraçado, foi sim senhor, deste lado foi muito engraçado, embora me fizesse lembrar eu mesmo que ando sempre atrasado, até naquilo que tenho tempo para preparar com alguma calma. Coitado do pendura... eu sou igual, quando não vou a conduzir se o sono chamar é uma desgraça, não o consigo combater em viagem.