terça-feira, setembro 12, 2006

Pesadelo em Mipo's street

Se há coisa que detesto são filmes de terror, muito simplesmente porque me causam terror. Há pessoas que adoram sentir medo e apanhar sustos, eu não. Guincho, salto no lugar, largo a fugir em direcção à cozinha, dou pontapés no ar e faço todas essas figuras que, com o meu tamanho e idade, são pateticamente ridículas.

Há muito boa gente que até thrillers (ou, em português, cerilas) se recusam a ver comigo, tal é a zaragata que não consigo evitar armar (claro que também existem os que adoram passar pela experiência, para transformar o terror em galhofa; ainda hoje não perdoo àquele que me arrastou a ver a "Bíblia de Satanás", para poder desfazer-se em gargalhadas nas duas horas em que me retorci de pavor).

Eu tento fugir dos filmes de terror; evito-os na sala de cinema, mudo de canal e, em momentos mais arrojados, tiro o som da televisão para os poder espreitar através dos dedos, encolhida no sofá (nunca sem companhia, claro). O problema é que, volta e meia, aí de 8 em 8 meses, os filmes de terror vêm ter comigo, ao estilo do Freddy Krueger, apanhando-me incauta, durante o que devia ser um soninho descansado.

Nunca tenho aqueles pesadelos em que se está a cair e se acorda antes de tocar no chão; no meu caso, existe sempre um psicopata ou um possesso, desejoso de me deitar a unha. Já havia algum tempo que não tinha nenhum destes testes à sanidade mental. O último tinha sido um mimo, em que até a psicopata/possessa que me perseguia com um machado tinha nome (uma tal de Sra. Coleman, uma idosa de carrapito que fazia lembrar a senhora do "Psycho"; aliás, devia ser parente, que também só a vi de costas).

E eis que, ontem, quando inocentemente me entreguei à indolência nocturna, fui sugada por outra viagem ao lado tétrico (e desconcertantemente colorido) do meu cérebro. Quando dei por mim, era noite de tempestade e eu encontrava-me num desmedido casarão, frente a um enorme lago gelado (não meti lá o pé, mas sei que era gelado).

Aparentemente, eu andava a fugir de um espírito maléfico qualquer. Até aqui tudo normal. O pior foi quando olhei para trás e vi uma miúda loira que não parava de deitar faíscas pelos olhos e ria alucinadamente. Achei que tinha de fugir dali (não fosse a criança cravar-me os caninos afiados), mas quando esbaforidamente abri a porta de vidro gótica, para correr a apanhar o barquito na margem do lago, apareceu-me uma soturna mulher escanzelada em cima de uma vassoura (também estava a rir; não sei porquê, mas quanto pior a personagem, mais ri - como nos filmes - vá-se lá entender...). Fechei a porta apressadamente e, num acesso de pânico descontrolado, deitei-lhe a língua de fora, enquanto lhe fazia "prrrrrlllllll" e agitava as mãos em gestos feios.

Foi aí que acordei, desesperada, a tentar abocanhar umas golfadas de ar (deve ter sido do medo de me virar de costas e ver a tal menina que me queria comer). Fiquei uns bons cinco minutos paralisada, com medo de me mexer ou fazer qualquer ruído.

Quando finalmente arranjei coragem para acender a luz, vi "O cão dos Baskervilles" em cima da mesa de cabeceira... a ver se o troco por o "Vai onde te leva o coração"...

5 comentários:

Camélia disse...

Bolas, até eu fiquei angustiada só de ler isto. Mas confesso que gostei da tua tradução...cerilas! LOOOOOOOOOOOOL

Anónimo disse...

Essa sensação de acordar com tanto medo que não dá nem para mexer o dedo mindinho é TERRíVEL. Mas ao menos tens pesadelos assustadores, os meus tendem a ser coisas disparadas mas que por qualquer razão me enchem de pavor. Depois quando passa esse impacto digo de mim pra mim: "pffff... menina!"

(Desculpa usar o teu espaço, Mipo, mas ó xô Dona Camélia, não consigo comentar no seu blog nem do da sua distinta irmã, suas discriminadoras de betas!! Tá mal!! E eu com tanto para dizer... Snif.)

bonifaceo disse...

Ahahah, o que eu achei mais graça e dei uma gargalhada foi quando li da miúda loira que deitava faíscas pelos olhos, eheheh.
Raramente tenho pesadelos, é mais sonhos estranhos em que repentinamente mudo de local mas no sonho continua tudo normal como se sempre estivera ali... acordo sempre com um pensamento de estranheza por serem assim, estranhos.
beijo.

Isa disse...

olha pois eu fartei-me de rir com este post. e tb odeio filmes de terror, com a agravante q n vejo nem que a vaca tussa. o máximo q vi foi o freddy krueger que n é bem terror, dizem os entendidos

Osga Esparramada disse...

AHAHAHAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!
PPPFFFF (FAÍSCAS PELOS OLHOS)
AHAHAHAHAHAHAHAHHHAHAHAHAHHAHA....