Foi a primeira vez que lá entrou. Esteve uns bons dez minutos a mirar as montras e os manequins que rodavam ao ralenti até que se decidiu a pôr lá o pé. Passou por debaixo das enormes letras que soletravam “FEMINISSIMI” e cuidadosamente pôs-se a observar. Nem boa tarde disse e ao simpático “Posso ajudá-la?” da jovem empregada retorquiu um seco “Não, estou só a ver”.
Hoje, D. Rosa não estava para brincadeiras. A empregada, Carina, torceu o nariz e trocou um olhar de “Olha-me para esta!” com a colega. Afadigou-se a dobrar as cuecas em promoção, mas manteve a recém-chegada coberta pelo soslaio. Com a boca bem vincada e uns olhos desconfiados, D. Rosa contemplava os expositores com os soutiens cuidadosamente separados por tamanhos, cores e marcas. Pelo canto do olho, observou os uniformes pretos e condizentes das empregadas. Reparou na música ambiente e na secção dos artigos em saldo, em destaque e separada dos demais.
Pegou nuns boxers femininos, cor de vinho e ligeiramente rendados, de uma colecção que desconhecia e, depois de lhes sentir o tecido, atirou-os com desprezo para o balcão. Carina engoliu em seco e, tentando disfarçar a irritação, voltou a perguntar:
– De certeza que não precisa de ajuda?
D. Rosa explodiu, inesperadamente:
– Já lhe disse que não! Não se pode ver?! Se calhar, ainda acha que eu quero roubar alguma coisa!
Sem mais, largou a sair da loja em passo acelerado, perante o queixo caído das duas empregadas.
Dirigiu-se em passo rápido à rua dos Fanqueiros e entrou, como um furacão, numa pequena loja de lingerie. O nome da loja era “Bella”, embora em nenhum lado se pudesse lê-lo. Nas montras, soutiens e cuecas conviviam numa animada salganhada com cartazes a anunciar preços mais baixos, por detrás das letras “quinzena da cueca”, anunciada no vidro. Lá dentro, todas as marcas e nenhuma.
Sem mais preâmbulos, D. Rosa encarou o homem de bigode que se entretinha a ler a Nova Gente atrás do balcão e disse:
– Manel, vamos ter de dar uma volta a isto!
Hoje, D. Rosa não estava para brincadeiras. A empregada, Carina, torceu o nariz e trocou um olhar de “Olha-me para esta!” com a colega. Afadigou-se a dobrar as cuecas em promoção, mas manteve a recém-chegada coberta pelo soslaio. Com a boca bem vincada e uns olhos desconfiados, D. Rosa contemplava os expositores com os soutiens cuidadosamente separados por tamanhos, cores e marcas. Pelo canto do olho, observou os uniformes pretos e condizentes das empregadas. Reparou na música ambiente e na secção dos artigos em saldo, em destaque e separada dos demais.
Pegou nuns boxers femininos, cor de vinho e ligeiramente rendados, de uma colecção que desconhecia e, depois de lhes sentir o tecido, atirou-os com desprezo para o balcão. Carina engoliu em seco e, tentando disfarçar a irritação, voltou a perguntar:
– De certeza que não precisa de ajuda?
D. Rosa explodiu, inesperadamente:
– Já lhe disse que não! Não se pode ver?! Se calhar, ainda acha que eu quero roubar alguma coisa!
Sem mais, largou a sair da loja em passo acelerado, perante o queixo caído das duas empregadas.
Dirigiu-se em passo rápido à rua dos Fanqueiros e entrou, como um furacão, numa pequena loja de lingerie. O nome da loja era “Bella”, embora em nenhum lado se pudesse lê-lo. Nas montras, soutiens e cuecas conviviam numa animada salganhada com cartazes a anunciar preços mais baixos, por detrás das letras “quinzena da cueca”, anunciada no vidro. Lá dentro, todas as marcas e nenhuma.
Sem mais preâmbulos, D. Rosa encarou o homem de bigode que se entretinha a ler a Nova Gente atrás do balcão e disse:
– Manel, vamos ter de dar uma volta a isto!
2 comentários:
Um grande bem haja para todas as D. Rosas deste país :P
Ah ah!
Foste tu que escreveste?
Beijo.
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