Óscares

Realmente, a malta do espectáculo deve ser assim um bocado para o egocêntrico. O que vale é que nós todos adoramos (eu própria estive ontem a ver aquilo quase - e pela 1.ª vez apenas quase - até ao fim).

Gostava de vibrar da mesma maneira com os prémios para escritores ou até com o Nobel da paz (o que, aliás, era capaz de fazer muito mais sentido), mas não. A malta gosta mesmo é daquele brilho todo. Dos vestidos, das piadas e das histórias, "reais" (e o real entre aspas porque qualquer filme é um ponto de vista) ou inventadas que, durante uma hora e tal, nos levam para longe da nossa vida numa sala de cinema (que isto de viver emoções em 2.ª mão com um saco de pipocas ao colo é bastante mais confortável).

Mas deve ser catita. Uma pessoa lá tem a sua profissãozinha, labuta dia-a-dia, com mais ou menos afinco, e uma vez por ano, tem uma entrega de prémios daquele calibre. Mesmo sem ganhar, é o que se chama alta valorização do trabalho! E o mundo todo a ver (muitos a perderem uma noite de sono), a comentar e a fazer apostas.

E se fosse assim com tudo? "E o Anacleto [para melhor tradutor técnico da área de pescas] vai para...". Ou "E o Alcides [para melhor técnico de laboratório em ambientes estanques] vai para...". Ou até "E o Jacinto [para melhor segurança nocturno em grandes áreas comerciais] vai para...". Oh pá... Isso é que era gratificação!